Conhecendo e construindo a cidadania

* Por Gabriel Felício Moresco
Nos últimos meses, temos visto manifestações que tomaram conta de todo o país e já entraram para a história da democracia brasileira desde a queda do regime militar e da atual Constituição, vigente desde 1988.
Muitas foram as razões que levaram o povo brasileiro às ruas para protestar. Aumento da inflação, pesada carga tributária, corrupção, baixa qualidade e retorno dos serviços públicos prestados em face dos altos impostos pagos pelos cidadãos. Dentre os diversos fatores, um que merece destaque é a descrença que boa parte do povo brasileiro tem de que seus representantes eleitos terão a capacidade de atender a suas demandas e corrigir os rumos do país.
Grande parte da população ainda acredita que é responsabilidade apenas dos agentes políticos agir na construção das políticas públicas que afetam a vida de todos. Sua própria responsabilidade extingue-se ao final da eleição e muitos “lavam as mãos” se o candidato que escolheram não foi eleito.
O papel de cidadão, entretanto, vai muito além disso. Ser cidadão abrange uma série de direitos e deveres que cada um de nós tem de participar e contribuir no desenvolvimento e na melhoria do ambiente em que nos encontramos. Muitos grupos vêm percebendo seu potencial e passam a se organizar para mudar o contexto em que se inserem, buscando o interesse coletivo. Entretanto, há também os que se atém a seus interesses próprios e, quando tem suas necessidades atendidas, dão por concluída sua participação cidadã.
A participação indireta, apesar de ser a mais utilizada, é apenas um dos meios de exercer o papel de cidadão. Muitas ações podem ser realizadas para exercer a cidadania, podendo ser desde uma participação em um grande projeto social até pequenas atitudes, como ajudar a manter preservada uma praça perto de sua residência.
Uma das maneiras de exercer a participação para decidir quais serão as prioridades e os rumos tomados pela sociedade são as variadas formas de Orçamento Participativo, pelas quais o cidadão influencia diretamente as decisões relativas a uma parcela do orçamento de investimento, no âmbito municipal ou estadual. Os resultados positivos da participação da população no processo orçamentário em diversas cidades brasileiras inspiraram a adoção de práticas similares em vários países do mundo.
Algumas leis mais recentes no Brasil também contribuem para que a participação cidadã aconteça e seja mais qualificada. É o caso da Lei Nº 12.527, a chamada Lei de Acesso à Informação, que regula o acesso a informações públicas previsto no art. 5º LXXIII da Constituição Federal, obrigando os entes políticos a tornarem públicos seus atos, o que facilita a cobrança e fiscalização pelos cidadãos.
Ser cidadão significa fazer parte da sociedade, fazer parte de sua construção e seu desenvolvimento, ter consciência das responsabilidades de seus atos e do impacto que eles causam naqueles que convivem ao seu redor, sejam eles positivos ou negativos.
Muitas pessoas, por desconhecerem seu papel como cidadãs e os meios pelos quais poderiam participar e se envolver com a sociedade, acabam se afastando da política e da vida comunitária e, dessa forma, desperdiçando as forças que poderiam ser utilizadas para a melhoraria da sociedade que estão inseridas.
Um primeiro passo para exercer a cidadania é ter ciência de seu papel como cidadão e conhecimento das formas de exercê-la. O segundo passo é agir.
* Gabriel Felício Moresco é graduado em administração empresarial e mestrando em administração pela Udesc/Esag.

Inscrições abertas para pós-graduação “Gestão em Inovação Social”, do Amani Institute

Estão abertas até 01 de Junho as inscrições para pós-graduação Gestão em Inovação Social do Amani Institute (Post Graduate Certificate in Social Innovation Management).

São 10 meses de formação, em três etapas, incluindo uma etapa de imersão em Nairobi, no Quênia, ou em São Paulo, no Brasil.

Na turma que atualmente está em imersão em Nairobi está Alanna Sousa, que vem compartilhando essa experiência incrível por meio do Facebook e Blog. Alanna coloca-se à disposição para informar mais detalhes e esclarecer dúvidas aos interessados em se candidatar para a próxima turma.

Detalhes sobre o programa e a inscrição em: http://amaniinstitute.org/programs/post-graduate-certificate-in-social-innovation-management/

Sobre o trabalho do Amani Institute, em português: http://amaniinstitute.org/brasil

Reportagem recente sobre o Programa na Revista Vanity Fair na Itália: http://www.vanityfair.it/mybusiness/news/15/5/4/lavoro-in-africa

Rede Nossa São Paulo lançará Mapa atualizado da Desigualdade na cidade

Comemorando seus oito anos de atuação, a Rede Nossa São Paulo lançará no próximo dia 19 de maio a versão atualizada do Mapa da Desigualdade da cidade. O evento será realizado no Teatro Anchieta do SESC Consolação – Rua Dr. Vila Nova, 245, das 9h30 às 12h30.
O Mapa leva em consideração dados econômicos e sociais, apontando os melhores e piores indicadores da cidade por subprefeitura. É uma espécie de radiografia da qualidade de vida nas diversas regiões de São Paulo. O evento é uma oportunidade para organizações da sociedade civil e cidadãos paulistanos se unirem em defesa de alguns temas importantes.
Durante o encontro, a Rede Nossa São Paulo vai trazer alguns pontos para debate. Entre eles, a leitura do manifesto contra a redução da maioridade penal. O texto foi elaborado pelo Grupo de Trabalho (GT) Criança e Adolescente da Rede Nossa São Paulo.
A destinação de toda a área do Parque Augusta a um espaço público municipal (sem prédios) é outro ponto que será defendido no encontro, que terá também o lançamento público da proposta de regulamentação de plebiscitos na cidade de São Paulo. A ideia é que os paulistanos possam ser consultados – por meio de plebiscito – antes da realização de obras de grande impacto no município.
Durante o evento, haverá ainda uma apresentação sobre a evolução dos indicadores da cidade nas mais diversas áreas, como educação, saúde, meio ambiente etc.
Outro destaque do encontro será o lançamento do acervo da Rede Nossa São Paulo, com exibição de vídeo e divulgação de material e plataforma digitais. O acervo, onde estarão registrados o histórico e os documentos da organização, ficarão disponíveis aos internautas para consultas e estudos.

IAM Conference Santiago 2015: Now Accepting Submissions‏

The Iberoamerican Academy of Management was founded in 1997 and is an affiliate of the Academy of Management. There are two primary objectives of the Iberoamerican Academy. First, to foster the general advancement of knowledge in the theory and practice of management among Iberoamerican scholars and/or those academics interested in Iberoamerican issues. Iberoamerica is defined broadly to include all of Latin America, Latino populations in North America, and Spain/Portugal. Second, to perform and support educational activities that contribute to intellectual and operational leadership in the field of management within an Iberoamerican context. The Iberoamerican Academy of Management has eight duly constituted committees, an advisory board and an executive committee consisting of a president, a secretary, a treasurer, and a minimum of six vice-presidents
OUR MISSION:
To foster the general advancement of knowledge in the theory and practice of management among iberoamerican scholars and/or those academics interested in iberoamerican issues. To perform and support educational activities that contribute to intellectual and operational leadership in the field of management within an Iberoamerican context.
The 2015 IAM Conference aims to facilitate dialog amongst academics and practitioners regarding the potential future of entrepreneurship and innovation in the region. 
We encourage academics to send proposals for symposium sessions, paper sessions or PDWs in the following tracks: 
Special Tracks Entrepreneurship and Innovation in Iberoamerica:
– Entrepreneurship and Innovation Ecosystems
– Managing Innovation and Corporate Entrepreneurship
– Management Education & Cross-Cultural Challenges
– Institutions and Business Activity

Fonte: http://www.iberoacademy.org/

Estudo de egressa da Udesc sobre gestão social na Grande Florianópolis é apresentado em evento

Administradora pública Neide Broering, formada pela Esag, elaborou trabalho sobre rede de associações de bairro em Santo Amaro da Imperatriz

A administradora pública Neide Lara Broering participou esta semana de um encontro acadêmico em Minas Gerais para apresentar um artigo, elaborado a partir de sua experiência de estágio, abordando a contribuição da rede de Associações de Moradores dos Bairros de Santo Amaro da Imperatriz para o fortalecimento da cidadania no município.

Escrito em conjunto com seu orientador, professor Daniel Pinheiro, o artigo foi apresentado no 5º Encontro Mineiro de Administração Pública, Economia Solidária e Gestão Social (Emapegs), encerrado nesta quinta-feira, 24, na Universidade Federal de Lavras (Ufla).
Outro artigo dos mesmos autores, com a mesma temática, será apresentado na 10ª Conferencia Regional da  Sociedade Internacional para Pesquisa do Terceiro Setor (International Society for Third-Sector Research – ISTR), que será realizada em agosto, nas cidades de San Juan e Ponce, em Porto Rico.
Fomento à cidadania
Com o título “A rede de associações de moradores de Santa Amaro da Imperatriz como instrumento de fomento à cidadania”, o trabalho de estágio supervisionado de Neide abordou sua atuação como bolsista voluntária no projeto de extensão Esag SocioAmbiental, desenvolvido no Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag).
O estudo analisa a dinâmica da rede de associações de moradores existente em Santa Amaro da Imperatriz e busca compreender como ela contribui para o processo de fortalecimento do exercício da cidadania no município da Grande Florianópolis.
O estágio incluiu um trabalho de intervenção e, na época de sua elaboração, Neide se envolveu diretamente no processo de articulação da rede, participando de reuniões e aplicando metodologias, aprendidas durante a graduação, com os participantes das associações, para ajudá-los a enxergar o seu papel no exercício da cidadania.
A acadêmica também realizou entrevistas com os gestores das associações, o que permitiu uma análise do caso com o suporte teórico de conceitos trabalhados durante o curso de Administração Pública.
O trabalho – que, segundo o professor Pinheiro, é um exemplo de articulação entre o ensino, pesquisa e extensão – resultou em um mapeamento da rede de associações e sua importância, e foi apresentado por Neide à comunidade após sua aprovação na Udesc Esag.
Fonte: UDESC/ESAG

A (Des)Confiança Formadora do Interesse Público



A (Des)Confiança Formadora do Interesse Público:
Formação do espírito de Cidadania em busca da Democracia ideal – 
Coprodução seria um caminho?
Por Caroline Rodrigues Döerner*
As bases históricas de uma Sociedade e suas formas de controle e administração são informações chave para analisarmos os motivos do seu desenvolvimento, sucesso e fracasso, bem como alternativas possíveis de melhorias. É inegável a vasta discussão existente acerca da Sociedade e do Estado ao longo do tempo. Não se pode mencionar Sociedade, sem antes mencionar a Comunidade, que possui como características as relações feitas de sentimentos e confiança em determinados grupos. É importante mencionar a relação entre Sociedade e Comunidade, sendo que em uma Sociedade os indivíduos se juntam de forma mais impessoal, enquanto que em uma Comunidade os cidadãos possuem relações mais conectadas e próximas.
No desenvolvimento das Comunidades e Sociedades surge o conceito de Cidadania, em que os indivíduos passam a discutir dentro de uma Comunidade política, seus direitos e responsabilidades como cidadãos. Nesse momento, percebe-se a necessidade de uma instituição que assegure que as Comunidades busquem o bem comum. Assim, o interesse público com base em valores compartilhados sugere um processo que vai além do jogo de interesses particulares que incluem democracia compartilhada e os valoresconstitucionaisSurge a confiança do cidadão, e confiança é construída sobre a crença de que governo está agindo em resposta ao interesse público e osvalores compartilhados da Comunidade. A (des)confiança, ou seja, o declínio na confiança deve-se ao crescimento da percepção de que os governantes eleitos, administradores e cidadãos procuram maximizar seu próprio interesse “(Di Ruscio e Holmberg, 1996, 464).
O Estado deve, pois, passar confiança aos cidadãos, além de garantir os direitos fundamentais e a busca do bem comum de acordo com as necessidades de cada Comunidade. No entanto, o sentimento de não estarmos sendo representados na atual democracia brasileira, predominantemente “representativa”, é muito grande. As pessoas não se identificam mais com os ideais político-partidários que deveriam refletir no consenso de uma parte da Sociedade para que entrasse em diálogo com os ideais de outra parte. O atual modelo foi corrompido pelo interesse de poucos, o que frustra o engajamento e a confiança dos cidadãos. O ideal democrático de pessoas ativamente engajadasna Comunidadeé contrastado com o mundo do Direito, garantidor das posses (propriedade) dos interesses individuais.
Soma-se ainda, a quantidade de atividades da vida civil que prejudica as ações ativas do cidadão. As pressões da vida profissional, pessoal e a quantidade de leis e ordenamentos que se deve conhecer (burocracia) prejudica a disponibilidade de tempo e motivação para a participação na vida política (democracia).
Em contraponto, há uma série de razões para buscarmos por altos níveis de participação pública em uma sociedade democrática. A primeira razão é a nossa crença de que por meio da participação ativa podemos alcançar melhores resultados, visto que refletiriam nas decisões do povo como um todo ou a juízos ponderados de grupos específicos e são consistentes com as normas da democracia. Por meio da participação popular, os cidadãos podem ajudar a garantir que os interesses individuais e coletivos estão sendo ouvidos e respondidos pelo Estado.
Nesse sentido foi desenvolvido o conceito de coprodução, em que há o envolvimento dos cidadãos na provisão dos serviços públicos em uma relação de equidade. É diferente do voluntariado clássico, mas envolve voluntarismo, por envolver o “fazer” por parte do cidadão, por meio de sua voz, mãos, enfim, ações engajadas em busca do interesse público. Esse conceito está sendo amplamente difundido por todo o mundo, com experiências e resultados concretos, restando em uma Administração Pública mais eficaz, em que as Comunidades (descentralização) atuam fortemente articuladas entre si. No Brasil, o referido modelo também vem sendo desenvolvido de longa data. As ações de algumas Comunidades podem ser percebidas e estão tendo resultados positivos. No entanto, a cultura brasileira da participação direta, do engajamento, ainda não foi amplamente replicada, sendo que não são de conhecimento da maioria dos brasileiros as diversas ações participativas que estão ocorrendo no território. A essência dessas ações é que quanto maior a participação dos cidadãos, maior a motivação, o engajamento e a fiscalização para o alcance do bem comum.
Podemos concluir, então, que estes são alguns dos elementos que definem a Cidadania ativa e responsável. Por sua vez, o governo deve ser responsivo às necessidades e interesses dos cidadãos. O novo serviço público e a coprodução procuram incentivaros indivíduos a cumprirem as suasresponsabilidades como cidadãos de formacompartilhada, resgatando, assim, a confiança em prol do interesse público.
Bibliografia relacionada:
DENHARDT, Jane Vinzant; DENHARDT, Robert B. The New Public Service: Serving, not Steering. New York: M.E.Sharpe, 2003.
DI RUSCIO, D., HOLMBERG, A. Subspace identification for dynamic process analysis and modelling. Halifax, Nova Scotia, 1996.


Caroline Rodrigues Döerner é Contadora, Bacharel em Direito e Especialista em Auditoria e Perícia Contábil. Atualmente é Finance Manager de multinacional japonesa na área de tecnologia, Consultora Associada da empresa GDWill Consultores Associados e aluna especial das disciplinas de Coprodução do Bem Público e Administração Pública, Estado e Sociedade do Mestrado em Administração da ESAG-UDESC.