Lançamento da 7ª edição da pesquisa IRBEM – Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município de São Paulo

O objetivo do IRBEM é formar um conjunto de indicadores para que a própria sociedade civil, governos, empresas e instituições conheçam as condições e os modos de vida dos cidadãos, a fim de que as ações públicas e privadas tenham como foco principal o bem-estar das pessoas. 
Em 2008, na primeira fase do processo de formulação do IRBEM, foi realizada uma consulta pública pela internet e por várias organizações sociais (escolas, empresas, ONGs, igrejas etc.) que levantou os principais aspectos que os paulistanos consideram importantes para sua qualidade de vida. 
Essa etapa ocorreu entre julho e outubro de 2008 e contou com a participação de mais de 36 mil pessoas de toda a cidade de São Paulo. 
Após a primeira fase, a Rede Nossa São Paulo e o IBOPE Inteligência selecionaram o que foi apontado como mais importante para o bem-estar dos cidadãos paulistanos e incorporaram tais itens à pesquisa anual de percepções da população sobre a cidade. 
Assim, de 2008 até 2014, sempre no mês de Dezembro, o IBOPE Inteligência levanta o nível de satisfação da população com os temas e aspectos mais citados como importantes para a qualidade de vida e o bem-estar na cidade, permitindo o acompanhamento da evolução destes indicadores.
Em 2015, a Rede Nossa São Paulo e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) preparam o lançamento da 7ª edição da pesquisa IRBEM – Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município.
O evento será dia 19 de janeiro de 2016, das 9h30 às 12h30, no Teatro Raul Cortez.
Realizada pelo Ibope Inteligência, a pesquisa IRBEM revela a percepção dos paulistanos sobre a qualidade de vida e o bem-estar na capital paulista. 
Lançado anualmente às vésperas do aniversário de São Paulo, o levantamento aborda temas que envolvem tanto aspectos subjetivos, como sexualidade, espiritualidade, consumo e lazer, quanto os que tratam das condições objetivas de vida nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, habitação e trabalho.
A pesquisa de percepção apresentará ainda, pelo nono ano consecutivo, a avaliação dos moradores da cidade sobre as instituições (Prefeitura, Câmara Municipal, Polícia Militar, Tribunal de Contas, Poder Judiciário etc.) e os serviços públicos.
A atividade contará com a participação de lideranças sociais e representantes do poder público. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi convidado para participar do evento, que é gratuito e aberto ao público. 
Como o espaço é limitado, nos próximos dias a Rede Nossa São Paulo e a FecomercioSP divulgarão o link para a confirmação de presença. 
Serviço:
Lançamento da 7ª edição da pesquisa IRBEM
Data: dia 19 de janeiro de 2016, terça-feira
Horário: 9h30 às 12h30
Local: Teatro Raul Cortez – na FecomercioSP
Endereço: Rua Doutor Plínio Barreto, 285 – Bela Vista

Fonte: REDE NOSSA SÃO PAULO
PESQUISA DE PERCEPÇÃO JANEIRO/2015: 
Mais informações sobre o IRBEM: http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/irbem 

Grupo de Pesquisa Politeia tem defesa de Dissertação de Mestrado

No dia 29 de outubro de 2015, Camila Pagani, do Mestrado Acadêmico em Administração da ESAG e membro do Grupo de Pesquisa Politeia, defendeu sua dissertação que tem como título “Articulação de saberes e produção de conhecimento na cidade: o papel da universidade na Rede Nossa São Paulo e na Red Ciudadana Nuestra Córdoba”.

A dissertação visou analisar as características da relação entre universidades e iniciativas da Rede Latino-americana por Cidades e Territórios Justos, Democráticos e Sustentáveis, especificamente nas cidades de Córdoba e São Paulo, buscando compreender como a articulação de saberes pode contribuir para as linhas de ação destas iniciativas e para a produção de conhecimento na cidade.

O trabalho buscou contribuir para o projeto de pesquisa “Governança Democrática em Cidades Latinoamericanas: Estudo Comparado de Experiências de Accountability Social e sua Incidência em Cidades Argentinas, Brasileiras, Colombianas e Uruguaias”, desenvolvido pelo Grupo Politeia, com o objetivo de articular representantes das universidades dos quatro países envolvidos em discussões e trocas de experiências sobre as iniciativas em suas localidades.

A Rede Latino-americana por Cidades e Territórios Justos, Democráticos e Sustentáveis (http://redciudades.net/) conta com 70 iniciativas de 10 países do continente e engloba organizações e pessoas dos mais variados setores da sociedade civil. A Rede Nossa São Paulo (http://www.nossasaopaulo.org.br/) e a Red Ciudadana Nuestra Córdoba (http://www.nuestracordoba.org.ar/) são duas destas iniciativas. A participação das universidades nestas iniciativas se deu de diferentes maneiras ao longo do tempo, tornando-se mais ou menos ativas a depender da composição e objetivos mais específicos de cada iniciativa.

Participaram da banca, além da orientadora prof. Dra. Paula Chies Schommer, os professores Dr. Valério Alécio Turnes da UDESC, Dr. Mário Aquino Alves da FGV-EAESP de São Paulo e Dra. Pamela Del Valle Cáceres da Universidad Católica de Cordoba – UCC.

Após as defesas, todos os trabalhos são publicados – de forma completa ou parcial, conforme autorização do autor – em até 60 dias no Banco de Dissertações, na página da pós-graduação stricto sensu da Udesc Esag.

Notícia na página da ESAG/UDESC: http://www.esag.udesc.br/?idNoticia=14296 

Contato: pagani.camila@gmail.com

“Más que de participación hemos de hablar de coproducción política de la ciudadanía” – Joan Subirats

Ótimas reflexões do Professor Joan Subirats:

Fonte: Natalia González de Uriarte – eldiario.es
http://www.eldiario.es/norte/euskadi/gran-problema-Espana-educacion-cero_0_446905621.html

“Más que de participación hemos de hablar de coproducción política de la ciudadanía”

El catedrático de Ciencia Política Joan Subirats reclama a las instituciones, “construidas y pensadas para otra época”, que se adapten a la nueva realidad social para poder dar soluciones a la ciudadanía actual.
“Debemos formar personas autónomas pero no inmunes, han de sentir corresponsabilidad y solidaridad”
“El gran problema no es la enseñanza, que también, es la educación, la que va de los cero a los 100 años. Arrastramos un déficit en formación de adultos”
31/10/2015 – 19:06h
Joan Subirats / FOTO: Enric Català

Joan Subirats / FOTO: Enric Català
El catedrático de Ciencia Política Joan Subirats es responsable del doctorado en Políticas Públicas del Instituto Universitario de Gobierno y Políticas Públicas de la Universidad Autónoma de Barcelona. Es especialista en temas de gobernanza, gestión pública y análisis de políticas públicas. Participa además en diversas iniciativas y propuestas de activismo destinadas a democratizar la política y la sociedad. Este investigador considera que “más que de participación hemos de hablar de coproducción política de la ciudadanía”. Recomienda  incorporar a la gente en esa tarea de búsqueda de soluciones que “compete” a las Administraciones, a cada una en su ámbito, pero que “incumbe” a todas ellas y al resto de los agentes implicados, como los propios ciudadanos. “Deben participar en la solución del problema”.  Así lo ha expuesto en su ponencia titulada “Competencias e incumbencias”,  elegida como ‘telonera’ de la presentación de un programa piloto que experimentan en Vitoria, en el barrio de El Pilar, con el propósito de compensar las desigualdades entre la población infantil y adolescente. La iniciativa está en pleno desarrollo aunque sus coordinadores ya concluyen que para abordar este y otros asuntos, es vital trabajar de forma coordinada entre las administraciones y todos los agentes implicados y hacerlo además de forma preventiva.
Joan Subirats ha ahondado en su exposición en ambas reflexiones y para ello parte de un diagnóstico: la sociedad actual adolece de problemas que las estructuras administrativas actuales, construidas y pensadas para otra época, no son capaces de solucionar. La rigidez institucional, la burocracia, los departamentos estancos… son el Talón de Aquiles de las instituciones y obstáculos para el ciudadano que acude a ellas en busca de la rápida solución que requiere su situación. “Lo que no vale es esa palabra fantástica tan habitual en la Administración: derivar. Esto no es competencia mía así que te voy a derivar, o sea, le voy a pasar el marrón a otro. No. Se impone trabajar en red”, insiste Subirats.
Se han de admitir y asumir las interdependencias entre servicios y competencias. Para este investigador esta metodología implica tres cosas. Primero, aceptar la interdependencia. “Solos no podemos y eso no significa desprofesionalización sino que implica compartir mis capacidades profesionales con otros y salir de la zona de confort. Incluso te enriqueces profesionalmente”. En segundo lugar, Subirats advierte que estas prácticas han venido para quedarse, deben integrarse en cada proceso para no volver a abandonarlas nunca. “No es coyuntural, es estructural. Vamos a tener que seguir trabajando en red”. Y por último, según el investigador, trabajar desde estos procedimientos conlleva aceptar que no hay jerarquías.

Atender la especificidad personal

Subirats hace hincapié en la necesidad de mejorar la calidad y la capacidad de personalización de los servicios públicos. “Se debe pensar el programa desde el problema no desde las competencias. Y se debe dar más confianza a las personas que están a nivel de contacto con los problemas. El Tercer Sector sí es capaz de atender la especificidad personal”. Subirats aconseja además incorporar a la gente en esa tarea de búsqueda de soluciones. “¿Hemos de seguir hablando de participación o de coproducción política de la ciudadanía? Deben participar en la solución del problema”, ha insistido.
Para este catedrático la ciudadanía sería la relación más o menos armónica entre autonomía personal, igualdad y diversidad. Pero añade a la combinación ciertas cualidades. “Hablo de personas autónomas, empoderadas pero no inmunes a los demás, autónomas con vínculos. Trabajar sobre la base de que la autonomía personal es un valor importante pero ha de ir acompañada de construcción de lazos, deben sentir corresponsabilidad y solidaridad. La igualdad es un valor también importante pero no reducida a la igualdad de oportunidades. Hablemos de igualdad de posibilidades porque las capacidades y las posibilidades no son iguales para todos. Puede haber gente que aprovecha más los recursos que otros porque tiene más capacidad cognitiva. Y la diversidad se trata no de tolerar sino de reconocer que las personas tienen sus propias características diferenciales”.
Y dotarse de estos individuos empoderados requiere educación. “Es un elemento central. Desde ella se explica el acceso al trabajo, la mejor salud, la capacidad de adaptación, la participación política. Hay una correlación perfecta entre niveles educativos y participación”.

Más ventanas y menos oscuridad para los centros educativos

Las razones por la cuales los niveles educativos funcionan bien o mal tienen muchas variables distintas. Y en ese punto de la reflexión, Subirtas hace un alto para incidir en la diferencia entre la educación y la enseñanza. “Cuidado con confundir educación con enseñanza, la educación va de los cero a los 100 años y el gran problema que tenemos en España es la educación. Aquí tenemos entre un 55 y 55% que tiene una educación secundaria postobligatoria- los que han cursado más de la ESO- y en Finlandia es el 87%.”. Esta diferencia en más de 40 puntos explica muchas cosas para Subirats. “Cuando ves el informe PISA te das cuenta que entre los chavales que se encuentran al volver a casa con personas adultas formadas, su diferencial de éxito sube 15 puntos de golpe. El problema grave que tenemos en muchos casos es la no formación de adultos, los déficits que arrastramos en formación de adultos que no vienen de ahora sino de hace muchos años”.
Si las dificultades educativas están en el entorno, es muy importante reforzar ese entorno con actividades de ocio educativo, extraescolares que permitan compensar esas carencias. ¿Y eso lo puede hacer solo la escuela? “No”, señala Subirats. De nuevo es necesario trabajar en red entre todos los agentes implicados, institucionales, sociales y ciudadanos.
Para este investigador el gran reto es cómo educar, cómo incorporar elementos distintos de educación “que nos obligan inevitablemente a salir de nuestra zona de confort desde la escuela. En los colegios cada día que pasa hay menos ventanas para adaptarse a lo de fuera y más oscuridad. La alternativa pasa por llenar la clases de acontecimientos en los cuales es el profesor no resulte redundante; convertir las clases en acontecimientos irrepetibles pero la estructura no nos los permite, lo dificulta. Los jesuitas en Barcelona han revolucionado el tema. Juntan las aulas, han derribado las paredes, e imparten la clase tres o cuatro profesores juntos. Trabajan por grupos, repiten la estructura educativa que mejor se adapta a nuestra realidad que sería la escuela infantil, basada en trabajos por proyectos y trabajos por rincones pero cuando vas subiendo en la escala educativa, de infantil hacia delante, es cada vez peor”, relata este experto para concluir con una reclamación: que las estructuras educativas faciliten el aprendizaje.

Fortalecendo iniciativas de fomento à Agricultura Urbana: a construção de uma rede como forma de alcançar os seus múltiplos benefícios

* Texto elaborado por Denise Regina Struecker, Gabriel Felício Moresco, Kiara Maria Urnau e Marcelo Brognoli da Costa


A partir de dados epidemiológicos da população de Florianópolis que demonstravam o alto índice de doenças ligadas à má qualidade da alimentação, a Secretaria Municipal de Saúde do Município verificou a necessidade de atuar em prol da alimentação saudável, em especial no acesso da população de baixa renda a produtos não processados.
Uma das causas identificadas do problema foi a falta de incentivo à agricultura urbana, o que levou à idealização de uma rede voltada para o tema. Considera-se agricultura urbana aquela praticada no interior ou na periferia de uma localidade, onde se cultiva, cria, produz, processa e distribui produtos alimentares e não alimentares, utilizando recursos humanos, materiais, produtos e serviços encontrados dentro e em torno da área urbana (MOUGEOT, 2005).
A primeira reunião voltada para a criação da rede realizou-se no mês de fevereiro de 2015, sendo que no decorrer do ano novos encontros ocorreram e foram identificados atores da sociedade civil que já atuavam na área para engajarem-se na coprodução.  Um dos principais parceiros, a CEPAGRO, por exemplo, presta assessoria a onze grupos que praticam agricultura urbana no município e região.
Em reunião especificamente voltada para definição da missão e visão da rede, realizada no dia 05 de agosto de 2015, foi acordado que sua missão consiste em “semear a agroecologia para colher uma cidade sustentável”. No decorrer do ano outras reuniões se sucederam, voltadas à definição da visão, dos princípios norteadores da rede e do código de conduta dos atores que integrarão a Rede de Agricultura Urbana de Florianópolis, trabalhos ainda não finalizados. O lançamento oficial da rede está programado pra ocorrer no mês de novembro de 2015, na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.

Os benefícios da agricultura urbana vão muito além do aspecto da qualidade na alimentação. A leitura de artigos e as práticas relatadas demonstram que os impactos também são sentidos na economia doméstica, no estímulo aos vínculos sociais, na educação ambiental, na melhoria da qualidade de vida, no aumento da autoestima, na redução de problemas psíquicos, na redução e tratamento de resíduos e na revitalização de áreas abandonadas.

Na construção da rede está se identificando diversas iniciativas no Município de Florianópolis já em curso e afeitos à sua missão, muitas com sucesso, idealizadas e promovidas por cidadãos e organizações da sociedade civil atuantes na área. Citam-se, como exemplos, os projetos Revolução dos Baldinhos e Frutificar. Assim, tendo em vista que os atuais e potenciais parceiros não governamentais da rede já estão envolvidos no desenvolvimento de atividades afins à agricultura urbana, o principal papel da rede passa a ser a articulação dos atores e a união de esforços – a coprodução.

Trata-se, portanto, de uma rede de ação, que tem por objetivo o fomento à agricultura urbana, como forma de alcançar os seus múltiplos benefícios. Apesar de estar voltada a toda sociedade, a rede elegeu como recorte prioritário a população mais vulnerável, sendo que o projeto inicial está sendo desenvolvido junto à comunidade do Monte Cristo.
A Rede Floripa de Agricultura Urbana vem sendo construída pelos parceiros, norteados pela congruência de objetivos. Não há dependência de recursos públicos, o que de certa forma fortalece as diretrizes escolhidas pela Rede. A tomada de decisões é feita de forma consensual, com a liderança sendo compartilhada entre os membros, de acordo com as atividades que estão sendo desenvolvidas. Outra característica destacada é a presença de atores fortemente identificados com a causa, que colocam sua experiência à disposição da Rede e ajudam a construir soluções coletivas.
Referências:
MOUGEOT, LUC J. A. Agricultura Urbana – conceito e definição. Revista de Agricultura Urbana nº 1 – Conceito e definições, 2005. Disponível em: http://www.ruaf.org/sites/default/files/AU1conceito.pdf. Acesso: 30 de outubro de 2015.
  
Para saber mais sobre os exemplos, consulte:

Hortas Comunitárias em Maringá: https://www.youtube.com/watch?v=5Gels5f53mc e https://www.youtube.com/watch?v=ZZsjpEkmjJE

Projeto Revolução dos Baldinhos (Monte Cristo): https://www.youtube.com/watch?v=XYhg_PG39j4&list=PLvlGiMRzkp5fg5Sv8Og5y7RlFWal3gNEO&index=12

Cepagro: https://cepagroagroecologia.wordpress.com/agricultura-urbana/revolucao-dos-baldinhos/

Projeto Frutificar (Florianópolis): http://redeglobo.globo.com/como-sera/videos/t/edicoes/v/expedicoes-urbanas-renato-cunha-conhece-o-projeto-frutificar/4345186/ ou http://glo.bo/1CWAF0E
* Texto elaborado por:
Denise Regina Struecker: Bacharel em Direito, Especialista em Auditoria Governamental e mestranda em Administração na Udesc/Esag. Atualmente é auditora fiscal de controle externo do TCE/SC.
Gabriel Felício Moresco: Bacharel em Administração e mestrando em Administração na Udesc/Esag.
Kiara Maria Urnau: Bacharel em Administração, Pós-Graduada em MBA em Gestão de Pessoas e mestranda em Administração na Udesc/Esag no caráter de aluna especial.
Marcelo Brognoli da Costa: Bacharel em Direito, Especialista em Direito e mestrando em Administração na Udesc/Esag. Atualmente é auditor fiscal de controle externo do TCE/SC.
** Este texto foi desenvolvido no âmbito da disciplina Governança e Redes de Coprodução do Bem Público, ministrada pela Profa. Paula Chies Schommer, no Mestrado Profissional em Administração da Udesc/Esag.

Rede Vida no Trabalho: por um trabalho seguro, saudável, humanizado e digno em Florianópolis/SC

* Por Caroline Rodrigues Döerner[1]Cibelly Farias Caleffi[2] e Vander de Oliveira Veras[3]



As doenças e acidentes que acometem a vida do trabalhador apresentam grande importância e tem desafiado as políticas públicas e a atuação do Estado, exigindo uma ação mais ampla e coordenada, de modo a reduzir os danos aos trabalhadores, ao orçamento da Seguridade Social e à economia do país.
Acidente de trabalho, conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, “é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Além disso, equiparam-se a acidente de trabalho as doenças ocupacionais decorrentes da atividade laboral e o percurso realizado entre residência e local de trabalho.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorrem 2,3 milhões de mortes por ano decorridos de acidentes e doenças do trabalho, e 860 mil pessoas que sofrem algum tipo de ferimento todos os dias no mundo. Calcula-se que os custos globais, diretos e indiretos, chegam a 2,8 trilhões de dólares, ou mais de 11 trilhões de reais, equivalente a 4% do PIB mundial.
No Brasil, ocorreram em torno de 700 mil acidentes e adoecimentos em consequência do trabalho no ano de 2012. O país é o quarto colocado no ranking mundial de maior número de acidentes de trabalho. Estima-se que os custos dos acidentes e doenças do trabalho em 2009, aqui, atingiram R$ 70 bilhões, valor que representou quase metade de todo o gasto com o SUS naquele ano. Em Santa Catarina, dados do INSS apontam um índice 48% superior à média nacional nos afastamentos temporários do trabalho entre 2005 e 2011. Esse dado evidencia problemas na relação trabalho e saúde no estado.  O Ministério da Saúde aponta que pelo menos 40% dos atendimentos de acidentes nas duas unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e na emergência do Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, são decorrentes de acidentes de trabalho.
Diante desse desafio, surge a possibilidade de um novo modelo de gestão contemporâneo, baseado na atuação em Redes integradas por entidades públicas, privadas e sociedade civil que se unem em prol da coprodução do bem público.
Com o objetivo de atuar de forma coordenada para reduzir o número de mortes e vítimas graves relacionados ao trabalho e produzir saúde, segurança e dignidade no trabalho, no dia 28 de janeiro de 2015, foi lançada a Rede Vida no Trabalho em Florianópolis/SC, contando com a adesão de 35 entidades ligadas ao tema, predominantemente organizações públicas, que assinaram um termo de compromisso. Entre elas, estão associações, conselhos profissionais, sindicatos patronais e de trabalhadores e diversos órgãos públicos, tais como: Gerência Estadual de Saúde do Trabalhador, INSS, Ministério da Saúde, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Civil, Coordenadoria Estadual de Urgência e Emergência, Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis.
Apesar de ser uma rede recente, atualmente já conta com 40 participantes que se reúnem frequentemente, permitindo uma maior integração e continuidade (ou regularidade) das ações. A rede busca que todas as organizações tenham o mesmo peso – “horizontalidade do poder” objetivando que decisões e os conflitos sejam solucionados em consenso.  A rede é aberta, pode receber a visita de atores externos.
A proposta inicial da Rede Vida no Trabalho é o desenvolvimento dos seguintes produtos:
1. Construção de protocolo conjunto de ações para atendimento de denúncias relacionadas a acidentes do trabalho;
2. Criação de um projeto de lei para incluir de forma transversal nos currículos escolares a questão do trabalho;
3. Produção de campanhas publicitárias para a questão do trabalho em altura, em virtude de representar 54% das causas de acidentes de trabalho em Florianópolis (SIM, 2009-2013).

A rede visa mobilizar recursos públicos e privados, mas, por enquanto, não se vê a necessidade de manutenção de um fundo permanente. Dependendo do projeto, é necessário captar recursos para sua execução.
A principal motivação dos integrantes da Rede vem da percepção de que, isoladas, as instituições não conseguirão alcançar seus objetivos. Em regra, as pessoas que atuam na rede se sentiam sozinhas e impotentes nos seus órgãos.
A constituição da Rede Vida no Trabalho, em Florianópolis, mostra a necessidade (e a possibilidade) de  uma mudança do modelo da proposta burocrática do Estado. Há que se construir formas sistêmicas para produção de resultados em bens e serviços públicos. Para alcançar saúde é necessário articular diferentes atores e áreas, integrando trabalho, educação, segurança e cultura.
Entre as perspectivas futuras da Rede Vida no Trabalho está a possibilidade de articulação inter redes. A ideia é fazer um encontro de redes, para que uma contribua com a outra para o alcance dos seus objetivos. Além disso, seria importante a contribuição mais intensa de outros atores da sociedade, para além das organizações governamentais, permitindo uma maior integração em forma de rede em prol do bem público. A coprodução em rede implica na troca de experiências, reforça a integração entre os diferentes atores, congrega esforços em torno de um bem comum e possibilita a realização de ações concretas para a resolução de problemas coletivos.

Para saber mais sobre o tema e sobre a Rede Vida no Trabalho:
           








Lei 8.213/1991. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L8213cons.htm




[1] Contadora, Bacharel em Direito e Especialista em Auditoria e Perícia Contábil. Atualmente é Finance Manager de multinacional japonesa na área de tecnologia, Consultora Associada da empresa GDWill Consultores Associados e mestranda em Administração da ESAG-UDESC.
[2] Bacharel em Direito e Especialista em Direito Constitucional e em Concessões de Serviços Públicos. Atualmente é Procuradora do Ministério Público de Contas em Santa Catarina e mestranda em Administração da ESAG-UDESC.
[3] Bacharel em Administração e Especialista em Gestão Pública. Atualmente é Analista Técnico em Gestão Governamental na Secretaria de Estado da Casa Civil em Santa Catarina e mestrando em Administração da ESAG-UDESC.

* Texto elaborado no contexto da disciplina Governança e Redes de Coprodução, do Mestrado Profissional em Administração da Udesc/Esag, no segundo semestre de 2015.

Grupo Gestor da Rede de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Rio do Sul é referência na atuação em rede

* Por Gláucia da Cunha, John Lenon Teodoro e Roberto Silveira Fleischmann

O Município de Rio do Sul destaca-se no atendimento de crianças e adolescentes pela sua atuação em rede, envolvendo várias áreas, como judiciário, saúde, educação e assistência social, de forma simplificada, célere e eficiente. 
Para isso, foi constituído o Grupo Gestor da Rede de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Rio do Sul, cujo objetivo principal é garantir o princípio da prioridade absoluta da criança e do adolescente.

Em 2007, o Juiz da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Rio do Sul, que compreende cinco municípios, formou um grupo com a Assistente Social e Psicóloga da Vara, uma voluntária e profissionais que trabalham nos serviços de atendimento aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas destes municípios. O intuito foi pensar uma maneira diferente de efetuar a abordagem e o atendimento destes adolescentes à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, realizando estudos e pesquisas de projetos que estavam sendo desenvolvidos em outras regiões do Estado ou do País.

Logo no primeiro ano, criou-se a Rede de Medidas Socioeducativas, que identificou a sobreposição de atividades de atendimento a crianças e adolescentes do Município de Rio do Sul e a falta de articulação entre os órgãos e entidades que realizavam estes serviços.

Posteriormente, em 2009, a comunidade escolar dirigiu-se ao Poder Judiciário pedindo auxílio para resolver as frequentes depredações realizadas por menores em uma escola do município. Então, o Dr. Edison Zimmer (Juiz) e o Dr. Marcelo Mengarda (Promotor de Justiça) convidaram o Prefeito Municipal para discutir uma solução para esse ato infracional e a rede de atendimento. A partir daí, criou-se o Grupo Gestor da Rede de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Rio do Sul, assegurando os pressupostos básicos de governança.

A formalização do Grupo Gestor ocorreu em 2013, com o advento da Resolução nº 14 do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Rio do Sul, que dispôs sobre a regulamentação e o seu funcionamento, bem como a identificação das instituições, órgãos, entidades e serviços que atuam direta ou indiretamente com o atendimento deste público no município. O objetivo do Grupo Gestor é a articulação e a integração da rede de atendimento através da criação de protocolos e fluxogramas com o intuito de organizar, priorizar e mapear os serviços de referência.

Os integrantes da Rede são a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), o Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI), o Conselho Tutelar (CT), o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), a 12ª Gerência Regional de Educação (GERED), a Fundação Cultural, a Guarda Municipal, o Ministério Público (MPSC), o Poder Judiciário (PJ), a Polícia Civil, a ​Polícia Militar (PMSC) e as Secretarias Municipais de Educação (SME), de Saúde (SMS) e de Assistência Social e de Habitação (SMASH).

A atuação da Rede envolve várias ações, com destaque para a apuração de ato infracional realizado por adolescentes entre 12 e 18 anos incompletos. A articulação dos atores em rede adotada em Rio do Sul permite a apuração dos atos infracionais de forma mais célere, fazendo com que o adolescente perceba a relação causa-efeito dos seus atos, além de ser mais eficiente e econômica para o Estado.

A desburocratização realizada com a adoção de uma agenda comum, em que Promotor de Justiça e Juiz fazem as audiências dos atos infracionais nos mesmos dias e horários, e a cessão da agenda do serviço municipal de atendimento socioeducativo ao Poder Judiciário, permitindo com que a intimação do adolescente e seu responsável para comparecimento ao serviço ocorra logo ao término da audiência (evitando trabalhos cartorários e saída de oficial de justiça para intimação), são exemplos de como a articulação dos atores depende muito mais da sua boa vontade do que de soluções complexas.

Outra boa prática identificada foi a criação de documentos de encaminhamento de uma instituição para outra (referência) e o documento de resposta do atendimento do usuário encaminhado para o órgão ou entidade originária (contrarreferência). Ainda, observa-se uma preocupação com o fluxograma que os documentos devem seguir, o correto preenchimento das informações, a especificação do histórico do usuário, os procedimentos realizados, a data e a confidencialidade dos dados.

A partir da observação da atuação da rede e dos fundamentos teóricos sobre governança e redes de coprodução, algumas oportunidades de melhoria foram identificadas, como: a inclusão de usuários e novos segmentos da sociedade civil, a criação de indicadores de desempenho, em especial quanto à apuração dos atos infracionais (tempo do processo e efetividade da medida socioeducativa) e o desenvolvimento de sistema informatizado para facilitar a gestão do conhecimento entre os diferentes atores da rede.

Por fim, a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Rio do Sul destaca-se pelas soluções simples que adotou para sua atuação, em especial para a apuração dos atos infracionais. Mesmo sendo soluções simples, esta não é uma prática comum em outros municípios e, por este motivo, Rio do Sul é tido como exemplo de atuação em rede e tem sido procurado, tanto por municípios do Estado quanto por outros entes da Federação.

Além disso, os mecanismos de accountability desenvolvidos, como a formalização da Rede por meio de resolução do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, em que define regras de participação, garantem o engajamento dos atores e a sua sustentabilidade; bem como os meios de divulgação das atividades desenvolvidas pelo Grupo Gestor permitem a prestação de contas das ações à sociedade.

==========================
Para saber mais sobre as políticas voltadas a crianças e adolescentes e sobre o Grupo Gestor da Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Rio do Sul, consulte:

  • http://grupogestor.wix.com/site
  • Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990)
  • Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE (Lei nº 12.594/2012)

*Gláucia da Cunha é mestranda em administração na Udesc/Esag, possui especialização em Auditoria de Gestão Empresarial pela Faculdade Estácio de Sá e graduação em Ciências Contábeis pela UFSC.  É auditora fiscal de controle externo do Tribunal de Contas, atuando em auditorias operacionais, que visam a avaliação de políticas públicas e programas de governo. 
* John Lenon Teodoro é graduado em Administração Pública pela Udesc/Esag, especialista em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC e atualmente é Secretário Municipal de Assistência Social em Camboriú. 
* Roberto Silveira Fleischmann é mestrando em administração na Udesc/Esag, possui especialização em Auditoria Pública pela Fundação de Pesquisas Socioeconômicas (Fepese) e graduação em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). É auditor fiscal de controle externo do TCE/SC e atualmente ocupa o cargo de diretor de Atividades Especiais (DAE). 

** Este texto foi desenvolvido no âmbito da disciplina Governança e Redes de Coprodução do Bem Público, ministrada pela Profa. Paula Chies Schommer, no Mestrado Profissional em Administração da Udesc/Esag.

25º Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências da Administração e Socioeconômicas é concluído na UDESC

Foi concluído na sexta-feira (4) o 25º Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências da Administração e Socioeconômicas, realizado pela ESAG/UDESC, o qual objetiva promover a pesquisa científica universitária, além de integrar alunos e professores de graduação e pós-graduação, foi concluído sexta-feira (4) em Florianópolis. 
O seminário recebeu 29 apresentações de trabalhos científicos de estudantes de graduação dos cursos de Administração, Administração Pública e Ciências Econômicas, ambos em formato de artigos científicos.
O Prêmio Jovem Pesquisador, dedicado ao acadêmico melhor colocado na apresentação – a partir de critérios como domínio do tema, didática, resposta às perguntas e argumentação lógica – foi entregue ao Bolsista de Iniciação Científica do Grupo Politeia, Nicolas Rufino dos Santos, a partir do projeto de pesquisa intitulado “Engajamento cidadão na coprodução de bens e serviços em saúde e segurança pública em Florianópolis”, coordenado pela professora Paula Chies Schommer.
As outras duas melhores posições no ranking de apresentações dos artigos científicos ficaram com Bruno Rosseti Leandro e Luiza Moriggi da Silva.
1º lugar: Nicolas Rufino dos Santos – “Engajamento cidadão na coprodução de bens e serviços em saúde e segurança pública em Florianópolis”. Média final: 99/100. Orientadora: Paula Chies Schommer.
2º lugar: Luiza Moriggi da Silva –  “Contribuições da Teoria do Desenvolvimento Moral (TDM) de Kohlberg ao debate sobre as racionalidades nas organizações”. Média final: 97/100. Orientador: Maurício Custódio Serafim.
2º lugar (empate): Bruno Rosseti Leandro – Gestão ambiental em países emergentes: aspectos institucionais, de comportamento estratégico e de comprometimento de recursos no caso brasileiro”. Média final: 97/100. Orientadora: Graziela Dias Alperstedt.