Datapedia: dados de todos os municípios brasileiros compartilhados e transformados em informação, a serviço da cidadania

Foi lançada neste mês de abril a Plataforma Datapedia – www.datapedia.info, reunindo dados públicos e oficiais de todos os municípios brasileiros.

“Hoje já são mais de 10 bilhões de dados presentes – e continuamos a ampliar as bases.

(…)
Entendemos que a realidade é sempre mais complexa que os números podem mostrar. Atrás de percentuais e números existem pessoas, histórias, alegrias e dores. E conhecer os dados e evidências de sua cidade é um dos primeiros passos para que cidadãos, empresários e políticos possam fazer melhores perguntas, melhores decisões, melhores ações para construir o Brasil que queremos.
A Datapedia tem visualização gratuita para todas as 5570 localidades, aumentando a transparência da gestão pública, e fornece serviço de assinatura para quem deseja construir análises comparativas ou construir seu próprio Dashboard, serviços de relatórios analíticos e oficinas de capacitação para planejamento e gestão a partir de evidências.
Estamos a serviço,
Equipe Datapedia”

MANIFESTO


ACESSO À INFORMAÇÃO CONTEXTUALIZADA GERA MAIOR AUTONOMIA AO CIDADÃO. AS PREMISSAS UTILIZADAS NAS ANÁLISES DEVEM SEMPRE SER EXPLÍCITAS. AS INFORMAÇÕES E ANÁLISES DEVEM SER APRESENTADAS DE FORMA AMIGÁVEL, INTELIGÍVEL E CONSISTENTE. A SOCIEDADE SE TORNA MAIS CIVILIZADA QUANTO MAIS VISÍVEIS FOREM AS PESSOAS E MAIS TANGÍVEIS FOREM OS RESULTADOS. TRANSPARÊNCIA É MANDATÓRIA PARA NOSSA ATUAÇÃO. NOSSAS FONTES SÃO SEMPRE EXPLICITADAS EM NOSSO SITE.

Práticas de coprodução em saneamento básico


Por André Souza Noronha Nepomuceno, Raphael Ewaldo de Souza e Vitor Bruno*

Muito se fala sobre a importância do saneamento para a qualidade de vida de uma sociedade. De acordo com dados do Instituto Trata Brasil/CEBDS (2014), a falta de saneamento básico é um transtorno em vários locais do Brasil e está relacionada diretamente com o aumento de doenças. Se toda a população brasileira tivesse acesso à coleta e tratamento de esgoto, estima-se que haveria uma redução, em termos absolutos, de mais de 70 mil internações por ano, associadas a infecções gastrintestinais; sendo que, dessa redução, mais da metade seria na região Nordeste. A restrição de água potável, o acúmulo de lixo e a destinação prematura dos efluentes líquidos favorecem o surgimento e o desenvolvimento de vetores e agentes que podem ocasionar doenças, como por exemplo, diarreia, verminoses, cólera, leptospirose e hepatite.
Saneamento é o conjunto de medidas que tem como objetivo resguardar ou mudar a situação ambiental com o interesse de reduzir ou eliminar doenças, promovendo saúde e melhoria na qualidade de vida da população. Em nosso país, o saneamento básico é um direito garantido pela Constituição Federal, definido pela Lei nº.11.445/2007 como o conjunto dos serviços de: abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. Mesmo compreendendo que o conceito de saneamento abrange os serviços supracitados, o senso comum entende que o mesmo se resume ao acesso à água potável e à coleta e tratamento de esgoto (Instituto Trata Brasil, 2014).
Praticamente 17% da população mundial, em especial pessoas dos países em desenvolvimento, não possui acesso à quantidade mínima de água potável estabelecida pelas organizações competentes, cerca de 5 litros de água por dia; e 45% dos países do chamado terceiro mundo não possui acesso ao saneamento básico (ABES, 2016). No Brasil, a condição geral do saneamento, tanto no campo quanto nas cidades, continua ruim para as populações de baixa renda, apesar da evolução nos últimos 40 anos. Referente à participação da sociedade civil organizada, há uma garantia da participação de usuários e da sociedade civil em todos os plenários formalmente constituídos, desde o Conselho Nacional de Recursos Hídricos até os Comitês de Bacia Hidrográfica. Essa é uma forma de dar legitimidade às decisões e também uma maneira de ampliar as chances de implantação das decisões tomadas (Porto e Porto, 2008).
Neste texto, buscamos comparar distintas experiências associadas ao saneamento básico no Brasil, visando compreender se e de que maneira a coprodução de bens e serviços públicos ocorre nesta área, identificando pontos de convergência entre os casos analisados; sendo a coprodução entendida conforme a definição sugerida por Ostrom (1996), como o processo em que pessoas de diferentes organizações destinam esforços para a produção de bens e serviços que geram benefícios para o coletivo.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas
         Os comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) são organismos colegiados, integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e começaram ser constituídos no Brasil a partir de 1988. A diversidade de atores que compõem os Comitês estabelece uma visão  democrática, que compreende diferentes perspectivas sobre os assuntos abordados, contribuindo para a representatividade da sociedade nas decisões relacionados à bacia hidrográfica. Os membros do colegiado são escolhidos entre si, quer sejam eles dos setores usuários de água, da sociedade civil organizada ou entidades do governo. Suas principais responsabilidades são: aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, em primeira instância; criar mecanismos e sugerir valores da cobrança pelo uso da água, além de implantar políticas de gestão ambiental no âmbito da bacia hidrográfica, como por exemplo, o Plano de Bacia.
Essencialmente, um comitê de bacia trabalha em sistema de redes e em coprodução. No âmbito de redes, sua própria estrutura favorece esse conceito, agregando diversos atores da sociedade em prol da gestão ambiental, do uso sustentável dos recursos hídricos e da sustentabilidade econômica. São agentes da sociedade civil, governos, indústrias e usuários de água que podem participar do comitê, fazendo parte da atividades e dando voz a diversos setores, tais como abastecimento público, energia, agricultura, pecuária e industrial.
O Plano define os usos dos recursos hídricos dentro de determinada bacia, operando como um plano diretor da água. A outorga do direito de uso da água depende, essencialmente, de um plano individual para cada bacia, considerando suas peculiaridades econômicas, geográficas e sociais. Na prática, baseado nas características físicas e econômicas da bacia, são definidos os principais usos com o intuito de preservar o recurso natural, priorizando atividades consideradas mais importantes e que mais demandam os recursos. Os Comitês foram oficializados pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
Existem diferentes exemplos da ocorrência de coprodução associados aos Comitês de Bacia. A própria definição das políticas ambientais compreende o envolvimento de diferentes atores, tanto no processo de elaboração das políticas como na implantação, em maior ou menor grau. Programas de pagamentos por serviços ambientais – PSA -, muito em evidência nos últimos anos, são essencialmente mecanismos de coprodução, uma vez que sua implementação e eficácia dependem da participação de proprietários rurais e de outros agentes usuários de água. Outros projetos podem se beneficiar da coprodução, por exemplo, a educação ambiental através de multiplicadores, que podem ser estudantes, associações de moradores e escolas.

Coprodução em casos de saneamento
            No Brasil, é possível observar em diferentes contextos e situações, arranjos de comunidades, organizações e governos atuando em conjunto para a concepção, desenvolvimento e execução de políticas e serviços públicos na área de saneamento. Destacamos três casos que trazem consigo distintos contextos e arranjos de atores. Um, envolvendo a provisão de um direito básico – água – em uma região totalmente escassa deste bem; outro, atuando na conservação de mananciais visando a manutenção da provisão deste recurso natural; e, por último, uma situação em que o planejamento e a execução do sistema de esgotamento de um condomínio foram realizados por meio de um arranjo típico de coprodução de bens e serviços públicos, por envolver governo, usuários e diferentes atores da sociedade no planejamento, desenvolvimento e manutenção do sistema.
         
          Consórcio Iberê

Figura 1: Logomarca do Consórcio IBERÊ
Fonte: website da iniciativa     

            O Consórcio Iberê surgiu de uma iniciativa da sociedade civil com o intuito de aplicar uma gestão por bacias hidrográficas no oeste de Santa Catarina. O objetivo do Consórcio é aplicar um gerenciamento ambiental e social integrando municípios pertencentes a uma mesma bacia. Em qualquer bacia, os impactos das ações se refletem em toda a sua extensão, principalmente em se tratando de recursos hídricos. É inócuo tratar essa questão isoladamente por municípios. Nesse caso, são sete os municípios integrantes e cada prefeitura disponibiliza um técnico como coordenador municipal do Consórcio, além da presença da sociedade civil e outras organizações. O presidente do Consórcio é sempre um prefeito de um dos municípios.
           Desde sua fundação, em 1999, o Consórcio Iberê já desenvolveu diversos projetos na área ambiental. O Projeto de Preservação, Conservação, Recuperação e Manutenção das Matas Ciliares é um caso de sucesso quanto à governança em rede e o modelo de coprodução. Os resultados mostram que quando há governança, participação e a sociedade civil é acionada para a solução de problemas, o resultado é imediato.
A coprodução acontece, por exemplo, com a participação de proprietários rurais que contribuem com seu trabalho na recuperação da mata ciliar existente em suas propriedades. Além disso, eles são multiplicadores de ideias; identificam, sensibilizam e trazem novos produtores para o projeto. Esse projeto conta com a participação financeira da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) para: obtenção de materiais de isolamento das áreas a serem recuperadas; pagamento de pessoal (no caso, dois técnicos contratados pelo consórcio); material de divulgação e promoção de eventos educacionais e; compras de equipamentos, como computadores e material de expediente.

          ASA – P1MC


Figura 2: Logomarca da iniciativa ASA
Fonte: website do programa ASA
O programa desenvolvido pela Articulação Semiárido Brasileiro – ASA – no início dos anos 2000, visa a atender uma necessidade básica da população que vive na região: água para beber. Muito mais do que apenas água, suprir esta necessidade básica reflete diretamente no desenvolvimento de toda uma comunidade. Neste caso, por exemplo, possibilitou inúmeros avanços como: aumento da frequência escolar; diminuição de doenças e diminuição da sobrecarga de trabalho das mulheres, que antes precisavam caminhar quilômetros para obter um balde de água.

Figura 3: Cisterna do P1MC
Fonte: website do programa ASA

Como coloca o atual site do Programa, a experiência do Programa 1 Milhão de Cisternas – P1MC – demonstra um novo caminho para a construção de políticas públicas; um movimento que nasce com a mobilização da sociedade civil para propor uma política efetiva para o contexto onde vivem, e que se transforma em uma política de governo obtendo recursos previstos no Orçamento Geral da União.
A coprodução se dá, desde sua origem, por meio da tomada de decisão “de baixo para cima”, como mostra o vídeo-case do Programa, pois as comunidades decidem o município, doravante a localidade e, por último, a família que será beneficiada; há todo um consenso em planejar sistematicamente a implantação das cisternas para suprir o fornecimento para o maior número possível de famílias – uma vez que as famílias compartilham da mesma cisterna até que cada uma tenha a sua.
Da meta original, que corresponde a um milhão de cisternas instaladas, já foram implementadas 588 mil cisternas rurais  – até o final de 2016.

Esgotamento condominial em Recife

         Uma experiência brasileira emblemática foi analisada por Ostrom (1996), em artigo no qual a autora aborda dois casos para explorar a conceituação de coprodução, fazendo um paralelo entre  seus pontos-chave. Destacamos o caso que se desenrolou em Recife/PE, no nordeste do Brasil. Um engenheiro chamado José Carlos de Melo, junto a um grupo de cidadãos, desenvolveu um sistema condominial inovador de esgotamento, no qual pequenas adaptações em relação a projetos tradicionais fizeram com que cada unidade predial definisse seu modelo, tendo impacto no custo inicial de implementação e os custos contínuos de manutenção. Um exemplo foi a instalação das tubulações por baixo das calçadas ao invés das tradicionais tubulações que são enterradas por baixo das vias rodoviárias. Nessa etapa, o custo foi equivalente à ¼ do custo tradicional.    
 Esgotamento condominial
Figura 4: Ilustração condominial
Fonte: Google Images – busca livre
A coprodução ocorre no sistema condominial por envolver, além de especialistas na área, os residentes, desde o planejamento do layout, a manutenção e a negociação de custos. Isto promove uma cidadania ativa. Uma parte fundamental deste programa é a ativação dos cidadãos locais a participar desde o início, no planejamento dos seus próprios sistemas condominiais.
Os moradores se envolveram diretamente no planejamento, na instalação e na manutenção, e o sistema, por sua vez, foi ligado à rede de coleta do município. Fazer esse tipo de sistema funcionar de forma eficaz a longo prazo requer mudança na atitude e rotinas operacionais dos órgãos públicos, uma vez que exige a contribuição dos condôminos em todas as fases do projeto.
Embora os resultados sejam impressionantes para incentivar a coprodução em outras partes do mundo, o caso do sistema condominial demonstra três difíceis desafios: (i) a organização dos cidadãos e o engajamento futuro na realização das ações que envolvem o coletivo; (ii) o bom trabalho em equipe dentro de um órgão público; e (iii) uma coordenação eficaz entre os cidadãos e uma agência.

Implicações da coprodução no desenvolvimento de serviços públicos
Os casos apresentados mostram diversas possibilidades e bons resultados na coprodução de serviços públicos. Tanto no caso do Consórcio Iberê quanto no caso da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), os resultados se mostram expressivos e crescentes ao longo do tempo. Vale uma nota, em ambos a iniciativa partiu da sociedade civil e os governos entraram como agentes de apoio. Isso mostra a força que a coprodução tem de colaborar para que o Estado garanta acesso e assistência a toda a população. A dinâmica da sociedade civil se mostrou, nesses dois casos, mais eficaz que a centralização estatal.
Embora o campo pareça promissor para a coprodução e a gestão em rede, é inegável que há dificuldades para seu desenvolvimento de forma ampla no setor de saneamento. Questões culturais, econômicas, burocráticas e até mesmo um entendimento mais aberto por parte de nossos administradores ainda limitam as possibilidades.
           Não é arriscado dizer que as redes são uma tendência, quase inevitável, em certos setores da economia. A própria inabilidade do Estado em alguns setores, o gigantismo que o obriga a realizar cortes, além do potencial da cidadania, a dinâmica do mercado e a competitividade acabam criando um ambiente em que o Estado não pode fugir dessa nova ordem. Cabe então à sociedade encontrar novos caminhos e mostrar que é possível, adotando um papel ativo no serviço público, somando esforços às instituições e evoluindo o modelo de democracia e coprodução do bem público, transformando os modelos vigentes, entendidos como ultrapassados, na direção de novos modelos que atendam aos anseios da sociedade.
REFERÊNCIAS
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. A importância do saneamento no contexto mundial. São Paulo. 10 ago. 2010.  44 slides. Apresentação em Power-point. Disponível em: <http://www.fenasan.com.br/arquivos/apresentacoes10/1008_15h30_dante.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016Instituto Trata Brasil. Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro. São Paulo: Instituto Trata Brasil/CEBDS; 2014. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/estudos/expansao/BOOK-Benef%C3%ADcios%20-logos.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2016.

PORTO, M. F. A.; PORTO, R.L.L.. Gestão de bacias hidrográficas. Estud. av.,  São Paulo, v. 22, n. 63, p. 43-60, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142008000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08 dez. 2016
OSTROM, Elinor. Crossing the great divide: coproduction, synergy, and development. World Development. v.24, n.6, p.1073-1087, 1996
LINKS
http://www.tratabrasil.org.br/
http://www.ibere.org.br/

http://www.asabrasil.org.br/acoes/p1mc

* Texto elaborado por André Souza Noronha Nepomuceno, Raphael Ewaldo de Souza e Vitor Bruno, no contexto da disciplina Governança e Redes de Coprodução, do Mestrado Profissional em Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina, Udesc Esag.

Paraísos fiscais, offshores e o mercado imobiliário de São Paulo é tema de evento no dia 10 de Abril

Inscrições para o evento via link: http://quemmoraaolado.org/inscricoes/

Transmissão online Ao Vivo: 

Parte1 – 9h às 12:30h: https://www.youtube.com/watch?v=ltD78B9KLZ8
Parte2- 14:30h às 16h: https://www.youtube.com/watch?v=zPeGiuXN30M
Para saber mais:
Reportagem sobre cidades nos Estados Unidos mostra como os imóveis vem sendo utilizados como lavagem de dinheiro e como isso influencia a configuração das cidades: http://www.washingtonexaminer.com/money-laundering-is-shaping-us-cities/article/2618135

UOL Notícias: Empresas ligadas a paraísos fiscais têm mais de R$ 8 bi em imóveis em São Paulo

Semana Sinais Vitais: Debate e Seminário na UDESC discutem o tema Criança e Adolescente

Na semana do aniversário de Florianópolis, teremos a Semana de Lançamento do Relatório Sinais Vitais 2016 com foco em criança e adolescente, produzido pelo Instituto Comunitário Grande Florianópolis, ICom. Para apresentar e discutir os dados, a Udesc recebe dois eventos.
O primeiro será realizado na terça-feira (21), das 10h às 12h, no Plenarinho da UDESC, e irá discutir as políticas públicas para primeira infância e seus desafios nos casos brasileiros e de Santa Catarina, buscando um diálogo com lideranças políticas do estado, membros da RAPS e outros interessados. O evento está sendo organizado pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o ICOM, em parceria com o grupo Politeia e o Observatório Floripa Cidadã, da Udesc/Esag, o Movimento Nacional ODS Nós Podemos Santa Catarina e outras organizações.
Continuando a conversa, na quarta-feira (22), das 8h30 às 12h, no auditório da ESAG, os resultados dos Sinais Vitais serão apresentados mais detalhadamente por especialistas envolvidos na co-construção do relatório e discutidos com gestores do Sistema de Garantias de Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis, membros da comunidade acadêmica e demais interessados. O evento está sendo promovido em parceria pelo ICOM e o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Inovações Sociais na Esfera Pública (NISP) e o Laboratório de Educação para a Sustentabilidade (LEDS), da Udesc Esag.


Os participantes dos dois encontros receberão uma edição do relatório.

Além dos eventos na Udesc, a Semana de Lançamento do Sinais Vitais Criança e Adolescente 2016 conta com outros dois eventos: na segunda, 20, às 19h, ocorre o lançamento oficial na Assembleia Legislativa de SC (Alesc); e, na quinta, 23, das 9h às 16h, a Praça Getúlio Vargas, no Centro da Capital, receberá oficinas para crianças, adolescentes e seus familiares.

Todos os eventos são abertos ao público, com inscrições pelo link https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScFwwDFRBxZIkWuaKZO6czlmdyLOZTDI54GI2EG-Nf_IuxtBA/viewform?c=0&amp;w=1.


Em março do ano passado, também na semana de aniversário de Florianópolis, a Udesc sediou o lançamento da primeira edição do Relatório Sinais Vitais, que traçou um panorama da cidade a partir de diferentes indicadores.


Mais detalhes no Portal ESAG:  http://www.esag.udesc.br/?idNoticia=17597 – Udesc recebe esta semana dois eventos sobre situação da criança e do adolescente em Florianópolis


Submissões até 29 de Maio para a 11a Conferência da ISTR América Latina e Caribe – Quito, Equador – Outubro de 2017

Quito2017          

[La democracia y la sociedad civil en América Latina y el Caribe en tiempo de cambios]
Decimoprimera Conferencia Regional de América Latina y el Caribe de la
Sociedad Internacional para la Investigación del Tercer Sector (ISTR)
Quito, Ecuador, 18 al 20 de octubre de 2017

La Sociedad Internacional para la Investigación del Tercer Sector (ISTR,International Society for Third Sector Research) es una asociación de investigadores y centros académicos fundada en 1992, con asociados en todo el mundo. ISTR (www.istr.org) promueve la investigación y la educación sobre la sociedad civil y el sector sin fines de lucro a nivel internacional.
La Red de América Latina y el Caribe de ISTR (www.istrlac.org) se formó en 1996, con el auspicio de la Fundación F.K. Kellogg, en ocasión de la Segunda Conferencia Internacional de ISTR realizada en México. Desde 1998 han tenido lugar conferencias regionales en Río de Janeiro, Santiago de Chile y Buenos Aires (en ambas ciudades en dos oportunidades), San José de Costa Rica, Lima, Salvador de Bahía, Ciudad de México y San Juan y Ponce en Puerto Rico.
La Decimoprimera Conferencia Regional de ISTR para América Latina y el Caribe se realizará en la ciudad de Quito, Ecuador, del 18 al 20 de octubre de 2017 con el tema “La democracia y la sociedad civil en América Latina y el Caribe en tiempo de cambios”. La Universidad de Los Hemisferios y la Universidad Andina Simón Bolívar serán las instituciones anfitrionas.
[Convocatoria para la presentación de trabajos]
Fecha límite: 29de mayo de 2017

Objetivos de la Decimoprimera Conferencia Regional de ISTR
1.       Reunir a un conjunto amplio, plural e internacional de investigadores sobre América Latina y El Caribe que estén desarrollando conocimiento sobre la sociedad civil regional y el sector sin fines de lucro / tercer sector.
2.       Difundir los avances de la investigación sobre diferentes aspectos de la sociedad civil en la región, con énfasis en las líneas temáticas definidas.
3.       Establecer un diálogo fructífero entre los avances de investigación y los procesos sociales, políticos, económicos y culturales en la región, con especial énfasis en la acción y la articulación de la sociedad civil de los diferentes países.
4.       Fortalecer la comunidad y los lazos académicos entre investigadores e instituciones dedicadas al estudio de la sociedad civil y el intercambio y la cooperación de ambos con las organizaciones comprometidas con la acción.
5.       Interesar e involucrar a más investigadores de la Región en las temáticas relacionadas con la sociedad civil, promoviendo su articulación.
6.       Promover la difusión de los resultados de investigación a fin de contribuir a las acciones de diferentes organizaciones y personas activas en la sociedad civil (practitioners).
7.       Fomentar la participación y análisis de la sociedad civil en el país sede, Ecuador, en la coyuntura de un año electoral, con posibles cambios institucionales y políticos que tengan efecto en el quehacer de la sociedad civil.
América Latina y el Caribe en tiempo de cambios
Las precedentes diez Conferencias Regionales de ISTR han abordado las temáticas de la participación y la representación, del crecimiento y consolidación de la sociedad civil, de la cooperación entre los sectores, y de la identidad de la propia sociedad civil y su incumbencia en los procesos de desarrollo. Al llegar en 2017 a la decimoprimera edición de este encuentro regional, América Latina y el Caribe están viviendo momentos de cambios sustanciales.
Históricamente, la trayectoria de los países de la Región se caracteriza por la inestabilidad política y económica, por una gran capacidad de innovación social y variadas formas de solidaridad, que conviven con distintas formas de violencia y desigualdad, de riquezas naturales y de diversidad cultural. Pero hoy en la Región, y en general en todo el planeta, vivimos un cambio de modelo y de paradigmas que influyen indudablemente en el accionar de la sociedad civil, al tiempo que las distintas formas organizadas de la sociedad civil (OSC, ONG, sindicatos, movimientos sociales, entre otras formas) participan activamente para dar respuesta a los distintos retos emergentes.
En las últimas décadas, se han logrado avances en términos de derechos, en el acceso a los servicios públicos y la descentralización del poder del Estado, con diferentes niveles de intensidad en los países de la Región. Sin embargo, de modo general, el poder político y económico sigue concentrado en ciertos grupos. La relación entre los ciudadanos y la burocracia estatal aún muestra características tecnocrática, elitista y autocrática. El crecimiento de las zonas urbanas agrava problemas como la violencia, la infraestructura inadecuada, la degradación del medio ambiente y la baja calidad de los servicios. El crimen y la corrupción se complejizan y articulan a nivel internacional, lo que requiere una mayor sofisticación de los mecanismos de prevención, investigación y sanción.
Al mismo tiempo, las innovaciones en la ciudadanía y la democracia fijan nuevos estándares de expectativas en términos de justicia, calidad de los servicios, sostenibilidad, desarrollo económico, democratización de la toma de decisiones, continuidad de los proyectos, transparencia, rendición de cuentas y gobierno abierto. La sociedad civil se moviliza y se articula a través de nuevas y diversas formas con grupos del sector privado, de la prensa, partidos políticos y organismos del gobierno, en redes locales, nacionales e internacionales, y ha logrado victorias en términos de gobernanza democrática.
Por otro lado, en línea con una tendencia mundial, se acentúa la polarización del debate político e ideológico. Hay una crisis de legitimidad de las formas tradicionales de hacer política y se fortalece la desconfianza hacia la política, trasladándose a la desconfianza entre las personas y hacia las instituciones. Se levantan muros de discriminación y se destruyen puentes existentes, fortaleciéndose sectarismos y propuestas autoritarias, promoviéndose la violencia en discursos y acciones, y los avances democráticos se ven amenazados.
Ciertamente se viven tiempos de cambios y de incertidumbres, que podrían significar oportunidades para la innovación, aunque no están claras las direcciones y sentidos para ello. ¿En qué aspectos existen avances y en cuáles se comprueban retrocesos? ¿Cuáles son las formas de coordinación o de confrontación entre los gobiernos, la sociedad civil y el sector privado? ¿Qué podemos aprender unos de otros, con el conocimiento que hemos construido históricamente y lo que estamos experimentando actualmente en cada país? Estas preguntas son las que investigadores y activistas de la sociedad civil y del tercer sector buscan descubrir, por medio del diálogo, la investigación, más allá de fronteras disciplinarias, institucionales, nacionales e ideológicas. Para todo esto nos encontraremos en Quito.
Líneas temáticas
Solicitamos a los y las participantes en la Conferencia que, para organizar sus presentaciones, adscriban sus propuestas de trabajo a alguna de las líneas temáticas que se proponen a continuación. Tradicionalmente, estas líneas constituyen corrientes de discusión, sin embargo, el Comité Académico tiene la potestad de organizar la presentación de los trabajos a la vista de los resultados del proceso de selección.
Las ponencias, paneles y conferencias se organizarán en torno a las siguientes cuatro líneas temáticas (sin perjuicio que puedan posteriormente concentrarse o desagregarse):
1.       Democracia, instituciones y sociedad en América Latina y el Caribe
La consolidación de la democracia en la región latinoamericana y caribeña es un tema en construcción y debate dentro de la diversidad de los países. Durante los últimos años se han realizado cambios institucionales con repercusiones en los regímenes democráticos y la sociedad en su conjunto. El objetivo de la línea temática es discutir sobre el estado de avance de la investigación en este campo con una especial mirada sobre los tipos de gobierno, crisis democráticas, rol de las instituciones, y la sociedad en este contexto. La convocatoria apunta a trabajos de investigación teórica y empírica que permitan dilucidar una posible nueva realidad democrática de la región con sus secuelas en las instituciones y la sociedad.
  
2.       Nuevo panorama en la articulación del Estado, la sociedad civil y el sector privado.
América Latina vive un momento de cambios institucionales que influyen en la reconfiguración de las relaciones entre el Estado, la sociedad civil y el sector privado.  Esta línea temática busca dilucidar el papel de la sociedad civil y del tercer sector en el marco de estos cambios y su función activa o de sujeto pasivo, cuáles son las agendas colectivas prioritarias y cómo se articulan entre sí en redes, foros y otras estrategias de coordinación. El debate sobre los marcos legales e institucionales, la articulación a nivel local, nacional, regional e internacional y los caminos alternativos para la sociedad civil son temas inherentes a este nuevo panorama, así como la reflexión sobre nuevas formas de movilización social y acción ciudadana y cómo se combinan con otras más tradicionales de organización de la sociedad civil. Esta línea permite el análisis de las nuevas estrategias de articulación de la sociedad civil (sea confrontación, colaboración, participación, etc.) con el Estado, las empresas y en distintos modos de gobernanza. Formas como alianzas intersectoriales, emprendimientos sociales, economía social y solidaria, cooperativismo, coproducción de bienes y servicios públicos, control y auditoría social o gobierno abierto, son ejemplos de temas pasibles de incluir.
3.       Sostenibilidad de las organizaciones de sociedad civil
La sostenibilidad es un tema crucial para las organizaciones de sociedad civil, no solo en el ámbito financiero sino también en lo que respecta a la efectividad de sus modelos de intervención.  La reducción de montos y la reorientación de las prioridades geográficas y temáticas de la cooperación internacional, así como el cambio en la dinámica de las relaciones sociedad civil – Estado – mercado, obligan a las instituciones a repensar sus modelos organizacionales. Trabajos relacionados con modelos de gestión, gobernanza e intervención, negocios sociales, marcos regulatorios, financiamiento, legitimidad, transparencia y rendición de cuentas, medición de impacto y responsabilidad social pueden ser abordados en este eje de la Conferencia.
4.       Temas emergentes de investigación-acción en América Latina y el Caribe
Pueden también ser propuestos trabajos sobre temas no mencionados explícitamente en las líneas anteriores, pero cuyo contenido sea de relevancia y actualidad para la sociedad civil en la región en general y en Ecuador en particular. Se considerarán trabajos que desde perspectivas como la participación, la representación, la rendición de cuentas o el fortalecimiento del espacio cívico (entre otros), revistan importancia para el estudio y la acción de las organizaciones y movimientos de la sociedad civil en la etapa de cambios que vive la Región. La aceptación de los trabajos e inclusión en el programa queda a consideración del Comité académico de la Conferencia.
Organización de la conferencia y metodología de trabajo
Durante la conferencia, se prevé la realización de las siguientes actividades:
a)         Mesas panel, formadas por hasta cuatro ponencias cada una, asignadas por el comité académico en función de las líneas temáticas. También pueden proponerse mesas panel ya formadas que pasan por el mismo proceso de revisión. Las ponencias son presentaciones extensas que se presentan de forma oral por parte de sus autores.
b)        Posters, son presentaciones en formato de cartel, impresos, gráficos, que son expuestos durante todo el tiempo que dura la Conferencia. Los posters tendrán un tiempo y lugar destacado dentro del programa.
c)         Conferencias magistrales en torno a los distintos ejes temáticos.
d)        Actividades complementarias: foros públicos, muestras de libros, muestras de films y documentales o fotográficas, etc., las que se deben proponer al comité organizador.
e)        Talleres de capacitación: se organizarán instancias de capacitación en temas y metodologías de utilidad para investigadores, por ejemplo, cómo escribir artículos para su publicación en revistas académicas internacionales y taller para estudiantes de doctorado y orientadores de tesis de doctorado. 
Presentación de propuestas
1.   Se invita a todos los investigadores interesados en la región de América Latina y el Caribe, así como de la sociedad civil y del sector sin fines de lucro, a presentar propuestas de trabajo en los siguientes tres formatos:
a.    Ponencias(de autoría individual o autoría múltiple, para ser presentada en sesiones de la conferencia)
b.    Panel (sobre un tema relacionado con los ejes de la conferencia), puede incluir hasta 4 ponencias. La propuesta debe ser presentada por la persona que actuará de moderador(a) o coordinador(a) del panel y debe incluir un resumen del panel, así como de cada ponencia.
c.     Póster(para exposición durante toda la duración de la conferencia)
2.  Las propuestas deben hacerse en español, portugués o inglés, en el mismo idioma en que se hará la presentación verbal (en su caso). La fecha límite para la presentación de propuestas es el día 15 de mayo de 2017.
3. La propuesta debe incluir: título del trabajo, línea temática a la que se adscribe, especificación del formato si se trata de ponencia, panel o póster, sin nombre de autor(es). En el caso de paneles completos, debe consignarse los títulos de todas las ponencias que lo compongan hasta un máximo de cuatro, con su correspondiente propuesta (abstract).
5.    La estructura de la propuesta (abstract) incluirá:
                a. Objetivos del trabajo
                b. Hipótesis o pregunta de investigación según sea el caso
                c. Metodología empleada
                d. Resultados principales alcanzados o contribución
                e. Referencias necesarias (antecedentes, bibliografía, etc.)
                f. La extensión de la propuesta será de hasta 800 palabras
6.    En archivo aparte debe referirse el título de la propuesta, y el nombre completo e información necesaria para identificar y contactar con los autores: nombre, institución, dirección, teléfono, email. Las propuestas deben enviarse por email, incluyendo los dos archivos adjuntos, a: istr@lasociedadcivil.org. La recepción de la propuesta se confirmará de inmediato (en caso contrario, favor contactarnos).
7.    Todos los envíos que satisfagan los requisitos básicos aquí expuestos serán sometidos a un proceso de revisión ciega por revisores independientes de distintas nacionalidades. Solo aquellas propuestas que sean seleccionadas serán aceptadas para presentación en la Conferencia.
8.    Los resultados del proceso de selección de trabajos se comunicarán a más tardar el 15 de julio de 2017.
9.    Los trabajos aceptados serán enviados a los organizadores de la Conferencia en su versión final para inclusión en el sitio electrónico de acceso a los participantes. La extensión de las ponencias será de máximo 8.000 palabras. El documento incluirá el título del trabajo, nombre completo de autor(es) y resumen en español e inglés. El texto se presentará en Times New Roman, tamaño 12, espaciado 1.5 líneas.
La postulación a un número limitado de becas parciales (viaje o estadía) se realizará en plazos a indicarse. Es imprescindible presentar el trabajo completo y llenar un formulario que estará disponible oportunamente.
Nota: La Revista Gobernar: The Journal of Latin American Public Policy and Governance, revista semestral, de acceso abierto y arbitrada, tiene interés en publicar un número especial en español con ensayos seleccionados de trabajos presentados de la Conferencia Regional de ISTR (editores invitados: Daniel Barragán, Anabel Cruz y Susan Appe).
FECHAS CLAVES
10 de marzo de 2017
Publicación de la Convocatoria a la Decimoprimera Conferencia Regional de ISTR
29 de mayo de 2017
Plazo final para recepción de propuestas para la presentación en la Conferencia
15 de julio de 2017
Comunicación de aceptación de trabajos para la Conferencia
15 de agosto de 2017
Postulación a becas parciales con envío de trabajo completo (dependerá de disponibilidad de recursos)
01 de setiembre de 2017
Comunicación de aceptación de solicitudes de becas parciales de participación
20 de setiembre de 2017
Plazo final para recepción de ponencias completas para su inclusión en el sitio electrónico oficial de la Conferencia
18 – 20 de octubre de 2017
Decimoprimera Conferencia Regional de ISTR para América Latina y El Caribe



Comité Académico Internacional
Argentina:                           Gabriel Berger, Universidad de San Andrés (UDESA)
Brasil:                                   Paula Chies Schommer, Universidad del Estado de Santa Catarina (UDESC)
                                               
Costa Rica:                          Urs Jager, INCAE Business School
Colombia:                           Natalia Franco, Universidad de los Andes
Ecuador:                             Daniel Barragán, Universidad de Los Hemisferios
                                             Wilson Araque, Universidad Andina Simón Bolívar
Estados Unidos:                Susan Appe, Binghamton University
                                         
México:                               Jacqueline Butcher, CIESC – Instituto Tecnológico de Monterrey
Puerto Rico:                       José I. Vega Torres, Universidad de Puerto Rico (UPR)
                                               
Uruguay:                             Analía Bettoni, Instituto de Comunicación y Desarrollo (ICD)
                                               Anabel Cruz, Instituto de Comunicación y Desarrollo (ICD)
Venezuela:                        Vanessa Cartaya, Red Sinergia
Comité Organizador
Daniel Barragán, Universidad de Los Hemisferios, Ecuador
Jairo Rivera, Universidad Andina Simón Bolívar, Ecuador
Paula Chies Schommer, Universidad del Estado de Santa Catarina, Brasil
Analía Bettoni, ICD, Uruguay
Anabel Cruz, ICD, Uruguay
Convocatoria en Espanol: http://www.istrlac.org/uploads/4/4/7/9/44790215/convocatoria_quito_2017.pdf

Call for papers in English: 

Comentarios y preguntas, dirigirse a:
ISTR América Latina y el Caribe:


http://www.istrlac.org/
https://istr.site-ym.com/ 

Smart Cities: os caminhos que levam uma cidade a ser inteligente

Por Luciano Valentim Silva, Natasha Cristine Costa e Raquel Brancher*

Grande parte das definições de Smart Cities as apresenta como sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Essas interações são consideradas inteligentes por fazer uso estratégico de infraestrutura, serviços, informação e comunicação com planejamento e gestão urbana para dar resposta às necessidades sociais e econômicas da sociedade.

De acordo com o Cities in Motion Index, do IESE Business School na Espanha, dez dimensões indicam o nível de inteligência de uma cidade: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, meio-ambiente, conexões internacionais, coesão social, transporte e mobilidade, capital humano e economia.

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         (Fonte: FGV Projetos – Link: http://fgvprojetos.fgv.br/noticias/o-que-e-uma-cidade-inteligente)

Mas até que ponto esses elementos realmente definem o que são as Smart Cities? Como medimos e avaliamos se uma cidade é inteligente? Quais dimensões devem ser consideradas?

Nesse sentido, Castelnovo, Misuraca e Savoldelli (2016) propuseram um modelo de análise que não se preocupa apenas com a definição do que é uma Smart City, nem quais dimensões devem ser consideradas, mas em como essas dimensões interagem entre si, e de que forma acontece a governança desse sistema complexo.

Essa análise parte do pressuposto de que as cidades inteligentes são aquelas que não veem a tecnologia como ponto central, mas que a utilizam para simplificar e melhorar as operações do governo, facilitando a interação entre o Estado, cidadãos e demais interessados, permitindo a participação cidadã e garantindo a inclusão e igualdade de oportunidade para todos.

Para que essa interação entre as dimensões seja possível, como também o envolvimento dos cidadãos, as estruturas governamentais devem ser flexíveis, incentivando a participação, tanto na implementação, como no monitoramento e na avaliação dos serviços.

Ao aproximar a sociedade das discussões, os agentes públicos criam laços de confiança com os cidadãos e, além disso, estimulam a participação e o sentimento de pertencimento, e compartilham a responsabilidade na produção dos bens e serviços públicos. Este envolvimento dos cidadãos não é apenas uma forma de legitimar as ações e a tomada de decisão, mas pode ser visto como um processo de inovação social que permite coproduzir valor público.

Os modelos internacionais de Smart Cities, ao lado de outras iniciativas adotadas em diversas cidades ao redor do mundo, sugerem de que forma a inovação, a tecnologia e a otimização na gestão de recursos podem servir de norte para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida da população urbana brasileira.

Apresentamos, na sequência, projetos de sucesso de duas Smart Cities bem-conceituadas mundialmente, Amsterdam Smart City e Montréal Smart City. No primeiro caso, a funcionalidade da cidade inteligente de Amsterdam está na divisão dos temas para resolução dos problemas e melhoria dos serviços da cidade. Os temas são: Infra-estrutura e Tecnologia; Energia, Água e Resíduos; Mobilidade; Cidade Circular; Governança e Educação; e Cidadãos e Vida (Fonte: https://amsterdamsmartcity.com/)

Observa-se que na “aba” Projetos (impressão de tela abaixo) qualquer pessoa tem acesso às informações sobre o desenvolvimento da cidade inteligente, é possível conferir os projetos que estão sendo executados e também enviar o seu próprio projeto. Exige-se apenas que este contribua para o desenvolvimento urbano inteligente e se refira a um dos seis temas da plataforma.


A seguir, observa-se algumas ações desta cidade inteligente:

Amsterdam Smart City
Projetos
Objetivos
Smart Flow
Solução que visa guiar o fluxo de carros e pedestres dentro da cidade de uma forma mais inteligente, fornece aos motoristas conselhos para os melhores e mais baratos lugares para estacionar. Também fornece aos visitantes e turistas orientação para evitar multidões e longas filas de espera.
Powow
Aplicativo que funciona como um canal de comunicação inteligente que busca trazer transparência e facilidade de comunicação entre os cidadãos e os serviços públicos durante emergências e transmissão de informações (para um bairro-alvo).
Co-Criando Espaços Urbanos Responsáveis
O projeto reúne designers urbanos, desenvolvedores de conceitos interativos e interessados locais para explorar o desenvolvimento de espaços urbanos responsivos, que possam se adaptar aos seus utilizadores em tempo real, melhorando substancialmente a qualidade residencial do local e a percepção de segurança dos utilizadores.
Fundo de Sustentabilidade de Amsterdam
Seleciona tipos de projetos que são elegíveis para financiamento. Considera a instalação de painéis solares em telhados, instalação de armazenamento de calor/frio, edifícios sustentáveis com uma cooperativa de energia ou, por exemplo, a reciclagem de matérias-primas. Qualquer pessoa pode apresentar um pedido para o Fundo: iniciativas de moradores, empresas e instituições sociais.
Civocracy
Uma plataforma on-line que envolve os cidadãos em questões políticas e sociais. Possibilita que os cidadãos aprendam mais sobre o assunto e expressem suas opiniões, mostra os melhores argumentos, notícias relevantes, e também dá uma visão geral de todas as maneiras que você pode ser ativamente envolvido, como assistir a uma reunião de prefeitura ou se inscrever como um voluntário.
Smart Students
Neste projeto, estudantes da Universidade de Ciências Aplicadas de Amsterdã planejam estudar como os moradores de Nieuw-West reagem a soluções inteligentes para seu ambiente.
Comissão Democratização e descentralização
Aprofundar a relação com a comunidade de Amsterdam, renovar o orgulho de suas universidades.


No caso de Montreal Smart City, a proposta é de trabalhar em nove áreas-chave, tendo como objetivo principal tornar Montreal líder de renome mundial entre cidades inteligentes e digitais até 2017. As áreas-chave para resolução dos problemas e melhoria dos serviços da cidade são: Desenvolver a rede de telecomunicações; Definir dados abertos; Atualizar a arquitetura tecnológica; Codesenvolver soluções com a comunidade; Otimizar viagens; Crescimento dos serviços digitais disponíveis; Desenvolver sites de inovação e aprendizagem; Reforçar uma cultura de transparência e responsabilização, e Promover um setor emergente e de última geração. (Fonte: http://villeintelligente. montreal.ca/en):

Assim como no exemplo anterior, na “aba” Projetos é possível verificar as informações de todos os projetos já em andamento, e na “aba” Colaborativo o usuário pode descobrir projetos, monitorar seus resultados e contribuir para seu desenvolvimento. Mas diferentemente daquela primeira, não há possibilidade dos cidadãos encaminharem projetos.

A partir de um esforço conjunto do governo e de seus cidadãos, se firmou o compromisso de tornar Montreal uma cidade inteligente de classe mundial até 2017, e desta forma criou-se o Smart e Digital City Office na primavera de 2014. Sendo assim, foi organizado um diálogo civil com parceiros institucionais e do setor privado, funcionários municipais e a população em geral. Partindo das discussões das melhores práticas e visando as reais necessidades da cidade, o comitê executivo elaborou e adotou o Plano de Ação Smart 2015-2017 de Montreal Smart e Digital City. Este documento determina os mais de trinta projetos concluídos ou em andamento.


Na sequência, apresentam-se algumas ações desta “cidade inteligente”:

Montreal Smart City
Projetos
Objetivos
Ver orçamento
Ferramenta on-line para permitir aos cidadãos um maior acesso ao orçamento municipal. Aproveitando-se da apresentação do Orçamento 2016 da cidade de Montreal, foi lançado em 25 de novembro de 2016 a primeira versão de sua nova ferramenta de visualização chamado “Orçamento Visão Geral”, que permite aos cidadãos compreender melhor e de forma simplificada o acesso à informação financeira relacionada com o orçamento municipal.
Cidadãos testadores
Um grupo de cidadãos faz testes de aplicações e serviços públicos digitais destinados a eles. São atividades de cocriação, testes de aplicativos, serviços ou produtos recém-desenvolvidos, etc.
Montreal quer entender melhor as necessidades e expectativas dos utilizadores, o montante dos projetos, e mantê-los envolvidos durante todo o desenvolvimento
Visita da segurança pública
Divulgação de dados relacionados à segurança pública (resposta de emergência, dados sobre o crime, incêndio, dados de segurança, etc.) e desenvolvimento de uma ferramenta de visualização de pesquisa para os novos dados e aqueles disponíveis em dados abertos.
Fundos de investimento
Intelligent Capital Mtl, um grupo formado inicialmente por empresas de capital de risco, 23 grupos financeiros e corporações. Estes 23 membros disponibilizam o montante de US$ 100 milhões em capital privado para financiar empresas inovadoras que não contribuem apenas para construir a cidade inteligente, mas também para o desenvolvimento do conhecimento e a criação de emprego na metrópole.

Ainda neste sentido, existe uma iniciativa capitaneada por diversas empresas e organizações públicas e privadas, que vem apresentando como resultado um ranking anual, denominado “Ranking Connected Smart Cities”. Este projeto foi desenvolvido com o intuito de elencar as cidades brasileiras que possuem iniciativas relevantes para o desenvolvimento das cidades, promovendo um crescimento sustentável e conectado, rumo ao conceito de uma cidade inteligente. Trata-se de um estudo único no Brasil, que tem por meta propor um crescimento balanceado, de modo a possibilitar um avanço qualitativo em áreas deficientes, tão comuns nos espaços urbanos brasileiros.

A última edição do ranking foi elaborada em junho de 2016, com a participação de mais de setecentos municípios, que foram avaliados a partir de um total de setenta e três indicadores, distribuídos em onze áreas ou setores, como mobilidade, tecnologia, saúde, segurança e educação. Ainda que esta categorização não indique com precisão o grau efetivo de desenvolvimento apresentado pelas cidades mais bem posicionadas, podem ser observados aspectos interessantes. Por exemplo, destacam-se nas primeiras colocações as capitais brasileiras, além de um grupo de cidades do interior do estado de São Paulo. As regiões sul e sudeste chegaram a atingir o percentual de oitenta por cento dentre as cinquenta melhor classificadas.

Os fatores determinantes para conquistar uma posição de destaque neste ranking resultam de um equilíbrio entre o avanço tecnológico e um bom desempenho nos índices socioeconômicos da população, de forma a proporcionar um incremento profícuo e consolidado na qualidade de vida dos moradores destes municípios.

Já existem cidades no Brasil dando os primeiros passos para se tornar uma “Smart City”, contudo, é importante que tanto os munícipes quanto os administradores públicos tenham consciência de que é necessário muito mais do que soluções tecnológicas para que uma cidade possa ser considerada inteligente.

É importante que exista engajamento mútuo e forte investimento em setores essenciais para a população, como educação, infraestrutura, saúde e segurança. E até mesmo mudanças culturais podem ser necessárias, de forma a viabilizar, em um futuro próximo, cidades de fato inteligentes. Conforme afirma Roberts (2004), a participação dos cidadãos é intrinsicamente valiosa porque desenvolve as mais altas capacidades humanas e promove um caráter moral ativo, de espírito público. Quanto maior for a participação, mais pessoas são atraídas para esse processo, o que o torna mais democrático e inteligente. Em outras palavras, a participação é um importante mecanismo de mudança e transformação social.

Referências

CASTELNOVO,W.; MISURACA,G. ; SAVOLDELLI,A. Smart Cities Governance: The Need for a Holistic Approach to Assessing Urban Participatory Policy Making. Social Science Computer Review, 2016, Vol.34(6), pp.724-739.

ROBERTS, N. Public Deliberation in an age of direct citizen participation. American Review of Public Administration, v. 34, n. 4, p. 315-353, Dec. 2004.

Links:

http://ranking.connectedsmartcities.com.br/

* Texto produzido por Luciano Valentim Silva, Natasha Cristine Costa e Raquel Brancher, em 2016, no contexto da disciplina Governança e Redes de Coprodução do Bem Público, ministrada pela Professora Paula Chies Schommer, no Mestrado Profissional em Administração da Udesc Esag.

Raquel Brancher é graduada em administração pública pela Udesc Esag e atualmente é acadêmica do mestrado em administração pela UFSC. 

Natasha Cristine Costa é graduada em administração pública pela Udesc Esag e atualmente é analista de licitações e contratos da gerência de serviços de engenharia da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC
Luciano Valentim Silva é graduado em administração pela Udesc Esag e atualmente é auditor federal de finanças e controle do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União – CGU.